
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
"O que perturba o ser humano não são os fatos, mas a interpretação que ele faz dos fatos."
(Epicteto- Séc. I)
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é um modelo de psicoterapia que está diretamente relacionado com a forma como um indivíduo organiza suas experiências, que influencia seus sentimentos e seus comportamentos. Ou seja, não são as situações que determinam os sentimentos, mas sim a forma como o indivíduo a interpreta (KNAPP, 2004). Deste ponto de vista, os transtornos psicológicos originam-se devido à forma distorcida ou disfuncional de perceber os acontecimentos, levando a interferir nos afetos e no modo de se comportar. Os indivíduos têm tendência a elaborarem construções cognitivas equivocadas, o que se denomina “vulnerabilidade cognitiva” (BECK, 2007).
A emoção transfigura-se disfuncional quando imersa de pensamentos fora da realidade e absolutistas, o que dificulta a capacidade da pessoa pensar objetivamente, ou seja, interfere na cognição do indivíduo. Os pensamentos não geram problemas emocionais, mas conservam as emoções disfuncionais (PEREIRA; RANGÉ, 2011). Os componentes como os pensamentos, os sentimentos e os comportamentos, fisiologia e ambiente interagem entre si, podendo ocorrer modificações em todos, quando decorre mudança em apenas um destes (KNAPP, 2004).
A TCC tem cada vez mais, mostrado a sua eficácia e sido aplicada a uma variedade de outras condições psiquiátricas, não se restringindo à depressão, como transtornos de déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de ansiedade, outros transtornos de humor, transtornos de ajustamento, transtornos alimentares, transtornos delirantes, transtornos de personalidade, dependência química, dentre outros (CORDIOLI; KNAPP, 2008).
De acordo com Pereira e Rangé (2011), a TCC se fundamenta para além dos fatos em si. O modo como o indivíduo interpreta os fatos, influi na maneira como ele se sente e consequentemente no seu comportamento. Um mesmo evento pode produzir diferentes reações em pessoas diferentes e uma mesma pessoa pode ter reações diferentes a um mesmo evento em diversas ocasiões.
Na TCC existem três níveis de cognição que precisam ser trabalhados: os pensamentos automáticos, as crenças intermediárias também denominadas como pressupostos subjacentes e as crenças nucleares (BECK, 2007). O foco das primeiras sessões está na conceituação do caso, na aceitação ao tratamento e ao nível de socialização. Em seguida, o ponto a ser focado será a mudança dos pensamentos automáticos, assim como os das emoções e dos comportamentos que são a base que conservam o transtorno psicológico. Na medida em que o tratamento progride, este passa a ter um foco mais direcionado para modificar as suposições, regras e crenças centrais também chamadas de nucleares (PEREIRA; RANGÉ, 2011).
Contudo, a TCC no seu modelo e no seu desenvolvimento é uma formação que, sem dúvida, possibilitou uma nova, clara e de eficaz organização conceitual psicoterápica para uma variedade de transtornos psicológicos. Um consistente recurso terapêutico para que os pacientes que sofrem com transtornos passem a ter capacidade de lidar com sua doença e monitorá-las (PEREIRA; RANGÉ, 2011).
REFERÊNCIAS
BECK, Judith S. Terapia cognitiva: Teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2007.
CORDIOLI, Aristides Volpato; KNAPP, Paulo. A Terapia cognitivo-comportamental no tratamento dos transtornos mentais. Rev. Bras. Psiquiatria. São Paulo, vol.30 n.2 p. 51-3, outubro, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid. Acesso em: 25/09/2015.
KNAPP, Paulo. Princípios fundamentais da terapia cognitiva. In KNAPP, Paulo. et al. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed, 2004. Cap. 1, p. 19-41.
PEREIRA, Melaine.; RANGÉ, Bernard P. Terapia cognitiva. In RANGÉ, Bernard P .et al. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2011.